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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Transplantes e doações

Entrevista concedida à TV REDE MINAS em 15/02/2012: por meio dessa reportagem você poderá ver como um ato de amor: DOAÇÃO DE ÓRGÃOS, transforma a esperança de um receptor em realidade.




Ato nobre, que perpetua a vida » Minas Gerais comemora aumento no número de doações de órgãos Hoje, Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, Minas celebra o aumento das captações em 347% desde 2006

Jefferson da Fonseca Coutinho - Estado de Minas
Publicação: 27/09/2012 06:00 Atualização: 27/09/2012 06:37

Rosemary Guirado mostra foto do filho Felipe, atropelado aos 21 anos, em 2004, que teve os órgãos doados (Túlio Santos/EM/D.A Press)
Rosemary Guirado mostra foto do filho Felipe, atropelado aos 21 anos, em 2004, que teve os órgãos doados


Faltava pouco para Felipe alcançar o meio-fio naquela noite de julho de 2004. Diante de dois amigos já na calçada, o moço, de 21 anos, sucumbiu, atingido pelo carro de passeio. Recorte triste, mancha no asfalto da Avenida Cristiano Machado, na Região Norte de Belo Horizonte. Hoje, Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, não é data qualquer para Rose Mary Guirado, de 58, doadora e mãe de Felipe, doador, que sonhava ser professor de educação física. “É duro… a ausência dói muito. Mas tenho o conforto de saber que a vida dele não foi jogada fora”, emociona-se. Rose conta que o filho, garoto, aos 14, já havia decidido ser doador. “Na época falava-se muito pouco no assunto e ele chegou para mim e disse que queria ser doador e que queria que isso estivesse escrito na carteira de identidade dele. Apesar de toda a tristeza, alegra-me ter feito a vontade dele”, sorri em arco miúdo, saudade de quem ama.

Da vida nova com o infortúnio de Felipe para cá muitas mudanças. O crescimento em número de doações, segundo dados do MG Transplantes, chegou a 347% – de 3,6 doações por milhão de população (pmp) registrados no fim do primeiro semestre de 2006, o MG Transplantes saltou para 12,5 captações pmp no primeiro trimestre de 2012. Resultado celebrado pelo governo do estado de Minas Gerais, que promove encontro hoje no Canal Minas Saúde, na Rua Sapucaí, 429, no Bairro Floresta. Em Brasília, às 10h, o Ministério da Saúde apresenta balanço anual e lança campanha publicitária para estímulo à doação. Para o transplantado Adolpho Von Randow Neto, de 58, o grande entrave ainda é a cultura da família brasileira, que trata o assunto como tabu. “De um lado temos o sucesso, a evolução da medicina, com tecnologias que favorecem o transplante. De outro, a dificuldade dos familiares em lidar com a decisão da doação”, avalia.

Em 2007, depois de três anos na fila de espera e muito sufoco provocado por cirrose hepática, Adolpho recebeu novo fígado. Diz ter presenciado, ainda no CTI do Hospital das Clínicas, um dia depois do transplante, cena que despertou a sua atenção: “Havia uma mulher com morte encefálica declarada pelos médicos, ao meu lado, e a família dizendo que o pastor iria salvá-la. Que não autorizava a doação”. Pronto para recomeçar a vida depois de período sofrido de internações, sangramentos, limitações e regras, recuperado, o aposentado, presidente da Transvida MG, passou a se dedicar ainda mais a trabalhos sociais voltados para a conscientização da sociedade. Em 2010, o técnico em telecomunicações criou a figura do “transplantador social” – um agente voluntário, que atua como propagador da importância da doação de órgãos. Já são mais de 100 em rede, espalhados pelo Brasil.

Adolpho, também integrante do Conselho Municipal de Saúde, diz “emocionante” o encontro do último sábado no Parque Municipal, quando dezenas de transplantados celebraram a nova oportunidade de vida e protestaram contra a fila de espera em Minas Gerais, com 2.418 inscritos (números do dia 21). “Muito comoventes os depoimentos das pessoas. Fica a mensagem de que a morte pode não significar o fim. A linha da vida pode não ser interrompida. E isso, por meio da doação de órgãos”, defende. Ana Paula Tomaselli, de 27, doadora, considera de grande importância poder contribuir para a expectativa de vida do outro. Conta que desde que passou a conviver com transplantados por meio do Transvida MG ganhou um novo olhar sobre o assunto.

Falta de informaçãoOutra doadora, Luciane Marazzi, de 34, conta que desde muito cedo, em família, tomou consciência da importância da doação de órgãos. “Tinha uns 13 anos. Fui fazer a minha identidade e minha mãe colocou no documento que eu não era doadora. E aquilo mexeu comigo. Em casa, falei para a minha família que eu queria sim ser doadora”, relembra. Recentemente, em campanha do Ministério da Saúde nas redes sociais da internet, Luciane conta com orgulho ter se inscrito doadora “no primeiro dia”. “O preconceito com a doação de órgãos vem da falta de informação”, considera.